Na comunidade do Aritapera todos os anos tem o Festival do Pirarucu. O maior e mais saboroso peixe da Amazônia. É quando seus moradores recebem outras comunidades, compartilham as lições aprendidas na prática sobre o manejo do peixão e mostram os resultados alcançados. Tem até torneio de pesca!
Fomos até a comunidade mostrar esse movimento todo e, claro, provar o pirarucu. Palestra vai, conversa vem, chega enfim a hora do almoço e servem uma bela posta de bife pra gente.
_ Ué? E cadê o peixe? _ Pergunto sem conseguir esconder a decepção.
_ Bem, moça, é que a gente tá no período do defeso, num pode matar os peixe agora não... Responde o pescador muito naturalmente.
_ E o torneio de pesca? Como é que se faz um torneio de pesca no período do defeso? Continuo, entre surpresa e curiosa. O pescador se limita a me dizer que eu esperasse pra ver. E com que ansiedade eu esperei.
Chega o grande momento (lugar comum, eu sei). O pescador prepara os instrumentos de trabalho: um arpão com um barbante grosso dentro de uma cuia com um pouco de água. Ele se concentra e eu me concentro ao máximo pra ver sinal de pirarucu na água. Segundos de extrema ansiedade e tensão. O tiro não é certeiro. Ouço atrás de mim um torcedor animado gritar:
_ Tirou escama!
Qual escama ?! No meio do rio um pedaço roliço de bananeira parecia brincar na água barrenta do Amazonas. Continuo sem entender porque 'as vezes o raciocínio é leento demais! Aí vem o segundo competidor, tranquilo, com ar de muito experiente e atira um arpão com naturalidade e precisão. Em cheio! Bem no centro da bananeira.
Eu vou fazer como o Mário, vou poupar vocês dos comentários mau criados de um colega de trabalho. Ah, mas que a matéria ficou bonitinha, ficou. Ainda mais com uma torcida tão animada...