E por falar em compras





O maior shopping dos Estados Unidos é mais pra passeio que pra fazer compras... tem de tudo o que se pode desejar comprar em preços nem tão acessíveis, mas com espaço e novidades de sobra pra fazer mais do que esvaziar a carteira...
Montanha russa e outros brinquedos gigantes... Massagens exóticas com jatos de água sem se molhar graças a uma engenhoca que mais parece uma nave espacial ou um caixão funerário de luxo... Uma outra opção é tirar uma foto com o presidente dos Estados Unidos, Obama, o grande... Ou mesmo comprar o presidente e levar pra casa! O boneco de papelão tem as exatas dimensões de Obama que, pra minha surpresa, é quase do meu tamanho.
Para a legião de garotinhas cor de rosa que cresceram brincando com a barbie, há uma sessão inteira dedicada à boneca com cintura de pilão e seios de Fafá de Belém. Entre as mais antigas, criadas ainda na década de 50, trajes que apontam profissões diferentes para as mulheres da época... barbie metalúrgica, barbie bombeira, barbie astronauta... não sei porque nunca simpatizei com essa criatura modernista.
Para membros do clube do bolinha, o paraíso dos LEGOS! Brinquedos gigantescos montados com pedaçinhos de plástico. Dinossauros, palhaços, castelos... Tudo como se viesse de Itu e tivesse comido fermento. Mas o que realmente atrai milhares de americanos e turistas ao shopping é o espaço quentinho e ideal para as tradicionais caminhadas... Aqui nos States todo mundo faz trilha, corre ou caminha pra manter a forma... e o melhor, sem pagar nada pelo aquecimento.

Black Friday

Minha primeira black friday. Inesquecível, mesmo pra alguém acostumado a esquecer... Os agitos da louca madrugada de compras em que milhares de americanos não se importam de não dormir e de enfrentar filas gigantescas do lado de fora das lojas, num frio congelante de doer, esperando pelo momento de comprar o máximo possível com o mínimo de cash. Esse não é o tipo de programa que me tiraria o sono, muito menos me tiraria do quentinho da cama se não fosse pelo desafio e pela curiosidade. Minha cunhada, compradora profissional, já tinha tudo planejado. Mapeou todas as lojas, sabia de cor os itens a por no carrinho, as melhores ofertas, os irresistíveis presentes de natal pra família que decidiu crescer nesse final de ano. Tudo arranjado. E todas as mulheres da família (4) acordaram às 2 da manhã rumo às compras dos sonhos. Homens se arrastaram da cama pros carros, decididos a evitar o pesadelo da bancarrota financeira, porque afinal, família que compra unida evita dívidas maiores, ou talvez não...
Chegamos ao paraíso dos consumidores compulsivos às 3 da manhã e já tinha uma horrenda fila dobrando a esquina da Old Navy, esperando pra comprar 20 dólares de roupas e ganhar um video game novo pra família... E como ninguém tava assim tão interessado em video games, nossa comitiva seguiu rumo à próxima estação e lá estava aberto e quentinho que nem coração de mãe Wal-mart com cds inacreditáveis por 2 dólares! Até eu me animei com a novidade... Em tese os carrinhos só poderiam ser enchidos após às cinco da manhã, mas já tinha consumidor furando o bloqueio desde as 3 e os gerentes decidiram abrir os portões do baú da felicidade antes do horário previsto. E lá fomos nós. Pra nossa surpresa, nós mulheres não tivemos muito trabalho em encher os carrinhos já abarrotados de eletrônicos que os maridos tinham disputado quase no tapa com outros furiosos madrugados consumidores. O legal de comprar em grupo é que a gente pode montar estratégias de guerra... Homens na fila, mulheres no Mcdonalds comprando café pra todo mundo e organizando a próxima etapa da maranatona. Terminamos a madrugada com dois porta-malas sem poder fechar, um joelho roxo (o meu), hematomas diversos (distribuídos por todo o grupo), pés e pernas doloridos, cartões zerados e carteiras vazias... mas uma sensação reconfortante de que neste natal presentes não vão faltar.

Up!


Faz rir, faz chorar... Faz bem com pipoca, coca-cola e uma boa companhia.

Com a vida na mala...

Dois meses e meio na terra do tio Sam, cinco Estados percorridos, Mississipi atravessado 6 vezes, 2 vezes o Missouri, uma extensa ( e intensa) lista de atividades a cumprir e nenhum tempo pra curtir a casa nova... A última visita ao lar foi há quase um mês e durou 17 horas. Só o tempo de por mais roupa na mala e seguir viagem. Imagens novas, pessoas novas, línguagem nova, novas aventuras, novo estilo de vida, novas experiências de vida, de cores e sabores ... Mas aí, pra que o tempo passe e voe e tudo continue numa boa, vale ter uma boa dose de organização e planejamento (com as malas) e esses são itens em falta no meu vocabulário. Daí que o que a gente não quis aprender com doces conselhos de mãe e de pessoas mais avisadas, desce amargo com as cabeçadas que a vida te dá. Algumas lições aprendidas a partir de observações da vida real (a minha):
Malas grandes e carros pequenos não combinam...
Malas pequenas também podem representar excesso de bagagem, principalmente se estão vazias, só ocupando espaço já em falta.
Mesmo fazendo muita força, duas malas não podem ocupar o mesmo espaço. Isso você geralmente aprende na 5ª série.
A bagagem não se resume a roupas. Há itens essenciais a serem postos na lista, entre eles, escova de dentes e secador de cabelos.
Secador não é uma frivolidade quando vc corre o risco de congelar o crânio.
Mesmo que esteja fazendo um frio de lascar você não precisa de 10 casacos pra uma viagem de uma semana.
O frio de lascar é sempre um risco ainda que o sol brilhe lá fora dizendo pra você que tá calor. Então, PONHA AS LUVAS NO PORTA-LUVAS que é lugar certo, seguro e fácil de achar.
Pra ser útil, a lista de atividades ( e de itens de bagagem) que vc num esforço surpreendente conseguiu elaborar, não pode ir parar na lista de itens perdidos.

Cachoeiras na Pensilvânia

Daí a gente foi parar na Pensilvânia e assim meio sem querer achamos um complexo de quedas d’água de tirar o fôlego só de olhar. Os tons contagiantes do outono misturados ao fascínio da água caindo sem parar formam uma obra de arte sonora e colorida. Difícil não ficar de boca aberta. Depois da decepção em Ohio, essa foi a melhor surpresa e a maior recompensa. Cachoeiras de todos os tipos e tamanhos...


Essa aí é a maior de todas, com cerca de 30 metros de queda. As outras, menores, são conhecidas como damas de honra, então essa deve ser a noiva. Valeu a pena andar mais um pouco, subir e descer escadas em madeira cravadas em rochedos só pra ver essa maravilha. E o passeio não terminou por aí...




Ursos

Daí que todo mundo por aqui diz que essa parte da Pensilvânia é o lugar ideal pra fotografar ursos em vida selvagem. O problema é que, no outono, eles viram máquinas de comer por conta do tempo de hibernação no inverno, e eles comem qualquer coisa ou qualquer um que vêem pela frente. Em nome da curiosidade jornalística que ainda me resta, decidi que valeria a pena correr o risco por uma boa foto... E depois de algumas horas de passeio, o único urso disposto a aparecer e a posar pra mim foi esse aí... mansinho, mansinho... Quem sabe na próxima visita à Pensilvânia...


Cachoeiras em Ohio


Sul de Ohio, o cenário parece coisa de filme de aventura em plena selva. Cavernas e formas curiosas esculpidas nas rochas em anos de vento, chuva e outras ações da natureza, nem sempre “naturais”. Como explicar pedaços imensos de pedra que parecem ter sido colocados de cabeça pra baixo? Ou os recortes gigantescos de solo e rocha que se pudessem ser colocados lado a lado encaixariam como num quebra-cabeças? Esse mosaico de formas curiosas tem hoje uma infinidade de trilhas para a alegria de aventureiros e decididos pela boa forma.




No sobe e desce cheio de obstáculos turistas perdem o fôlego e alguns quilinhos, mas ganham grátis shows estrelados por esquilos, veados e outros animais silvestres que aparecem pelo caminho aqui e ali. Conhecida como a caverna do homem velho (Old´s Man Cave), a caverna abaixo é, provavelmente, a maior de todas as cavernas do complexo formado por cinco parques. Nela um ermitão decidiu passar seus ultimos anos em compania de dois cães de estimação. Provavelmente ele não teve muito com o que se estressar e deve ter vivido muitos e muitos anos, daí o nome.


Na foto abaixo você confere a "banheira do diabo" ou coisa parecida. O material rochoso de que é formada é tão duro que não há água que amoleça pelos lados, daí a água corre para onde é mais fácil, pra baixo, e a banheira é tão funda, que segundo a lenda por aqui, chega ao centro da terra. Crendices à parte, o banho nessa banheira é mortal por dois motivos: o frio de lascar e a quase impossibilidade de escalar as paredes lisas da rocha.








Outro ponto pitoresco do complexo é a casa de pedra (rock house), que ganhou este nome advinha por que? A gigantesca formação rochosa parece mesmo uma casa, cheia de colunas, com aberturas que imitam portas e janelas... Entrar é facil, mas é preciso ter cuidado ao escolher a melhor saída. Algumas aberturas são queda livre de mais de 20 metros de altura. Pertinho da casa de pedra, há uma outra rocha de nome pitoresco: “gorda esmagada”. Provavelmente se alguém mais carnudo tentar passar por lá não vai conseguir. Mas a nossa maior motivação para um passeio como esse foram as famosas cachoeiras do lugar que de tão famosas tiram férias no outono pra aliviar o estresse das outras estações. Na maioria delas, nem gota caindo... É que nessa época do ano chove quase nunca e os riachos secam. Daqui a pouco começa a chover de novo e daí vem a neve e o frio congelante e as cachoeiras viram estátuas de gelo. Depois de um dia de caminhada, torça para não se perder, pior do que sair da trilha é descobrir outra mais longa de volta pra casa.


Igrejas Batistas Americanas

Comunidades que variam em música, estilo e número. Não muito diferente do Brasil. Representantes da terceira idade são maioria em igrejas mais tradicionais, com (boa) música e mensagens mais para a razão do que para a emoção. Por outro lado, tão rápido e contagiante quanto no Brasil, cresce o movimento contemporâneo em igrejas mais jovens, nascidas em ginásios e lideradas por jovens entusiastas, cujas mensagens emotivas e pulsantes sincronizam com o tom mais ritmado do repertório musical. Mais do que estilos musicais e oratória diferentes, esses dois grupos e uma infinidade de meio termos (geralmente tradicionais tentando se “modernizar”) diferem em credo e comportamento. Roupas e rituais também contrastam de maneira drástica. A sinceridade dos emotivos merece respeito, a fidelidade dos tradicionais também. Acredito que o culto a Deus pode e deve ser racional e emocional. Um aspecto complementa o outro em seres dotados de intelecto, emoção e vontade. E esse terceiro aspecto é, talvez, o mais importante. É preciso ter vontade para decidir obedecer, mesmo contra a (minha) razão ou emoção. Vontade para anular a própria vontade em favor da vontade divina, crendo que esta é boa, agradável e perfeita. Que seja feita a Vossa vontade tanto nas igrejas quanto no céu.