Quase em casa

Ainda hoje, entre os habitantes mais antigos de Goa, é possível encontrar falantes da língua portuguesa. Nomes de lugares e  de pessoas soam tão familiares quanto a alcunha de nosso motorista: Menino Mariano. Menino é nome; Mariano, sobrenome. Língua materna: Concani. (de português mesmo só algumas frases ensinadas pela avó ou coisa assim). Profissão: motorista de auto-riquixá. É ele quem nos guia em mais uma aventura pela terra das mil e uma identidades. Seguimos em direção a Goa Velha, a antiga capital da colônia portuguesa. A herança lusa está por toda a parte, na arquitetura e nos costumes religiosos. Aqui e ali, uma placa escrita em Português. Mariano nos ensina uma ou duas expressões em Concani, pra causar boa impressão entre a gente a terra. Boa impressão me causam os velhinhos que me saúdam em minha língua natal. Tenho a agradável sensação de estar quase em casa. 


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Cliques da Catedral da Sé

O catolicismo é bastante presente na cidade de Goa Velha. É onde se pode encontrar mais traços de influência lusa. Abaixo, fotos da Catedral da Sé, uma das maiores do mundo. Por alguma razão, a igreja me pareceu maior quando vista do lado de dentro. 
 Vista lateral da igreja

 Vista frontal. Parece que falta alguma coisa? Pois é. Falta. Uma das torres desabou na década de 80, se não me engano. (Pensou que era coisa de arquitetura portuguesa, né?)


Catedral vista do lado de dentro.

Mesmo fotógrafo. :) 

Cliques da Igreja de Bom Jesus

 Igreja de Bom Jesus, considerada pela Unesco Patrimônio da Humanidade. É onde se encontra o corpo de S. Francisco Xavier.
 Do outro lado da rua fica a Catedral da Sé. 
 Fiéis e curiosos se aglomeram pra ver o corpo do santo. Acima, detalhe da tumba de vidro.
 Mais detalhes de arquitetura portuguesa. A construção fica bem ao lado da igreja de Bom Jesus.
Lateral da igreja.

Fotos: Ken Rathbun. Meu marido adora tirar foto de igreja.

Goa, a India Portuguesa


A India tem 16 línguas oficiais e Português não é uma delas. O vernáculo latino deixou de ser obrigatório na década de 60 quando Goa finalmente obteve independência. Não foi um processo amistoso, mas também não chegou a ser sangrento. Relutantes portugueses foram forçados a deixar a então colônia lusa em 1961, quase duas décadas depois da saída dos ingleses de território indiano. Portugal exercia supremacia sobre a área desde 1510 . Goa é, hoje, o menor, menos populoso  e mais rico estado indiano per capita. A riqueza se deve em muito aos turistas, atraídos pelas praias, construções históricas e monumentos religiosos, dentre os quais se destacam os templos hinduístas. Monumentos católicos vem em segundo, com igrejas e conventos que são considerados pela Unesco Patrimônio da Humanidade. Há também relíquias como os restos mortais de São Francisco Xavier. Fiéis e curiosos de toda a parte do globo visitam essa parte da India só pra ver o corpo que se recusa a deteriorar. Alguns até já decidiram levar um pouquinho do santo pra casa, mas essa já é história pra outro post.   
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Meu mais novo herói favorito

 Acima, em pose oficial.



Futebol brasileiro já é pra mim um imenso ponto de interrogação. Futebol americano, com todos aqueles marmanjos dentro de capacetes se matando pra avançar 10 metros em campo então... Mas é desse universo quase desconhecido que vem o meu mais novo herói. O nome dele é Tim Tebow. Tá fazendo o maior sucesso na liga de futebol americano, não só pelos looks ou pelo talento com a bola, que por sinal, nem é tanto, mas por uma genuína e inspiradora fé. No meio de gigantes egocêntricos, cuja vida pessoal se reduz a jogo, a bebida, a sexo e a escândalos de toda a sorte, um menino de 24 anos se dispõe a mostrar e a viver o que acredita. Ele fala o nome de Cristo em cada frase que pronuncia; não tem vergonha de ajoelhar e de orar em campo antes, às vezes durante, e depois de cada jogo; e não tem medo de ser criticado. O gesto virou moda e até gerou um novo verbo: “tebowing: ato de ajoelhar com uma mão no chão e outra na fronte em sentido de oração; ato de imitar Tebow; agir como Tebow.” Fãs, adversários e até as chefes de torcida (imagine) andam praticando o novo verbo. Críticos não faltam. Defensores também não. Num aspecto ambas as categorias concordam. Tebow não é hipócrita. Não é encenação. Não é falsa religiosidade. Tebow é um autêntico crente. Pode não ser o jogador ideal para o seu time, mas com certeza seria o marido ideal para a sua filha. É o que dizem. Tebow também não é orgulhoso. Não tem de quê, dizem os críticos. É um dos mais atrapalhados quarterbacks da liga. Mas ele demonstra aprender rápido. Em sete jogos, cinco vitórias e uma melhora impressionante na habilidade esportiva. O que falta em talento, sobra em determinação e humildade. Humildade suficiente pra reconhecer as próprias limitações. Humildade necessária ao processo de aprendizado e de aperfeiçoamento, seja no que for. Tebow pode não ser o melhor quarter back do momento mas é, sem dúvida, o mais popular.



Com Efésios 2:8-10 no rosto. Tem gente até que começou a ler a Bíblia por causa dele. Milhares de cliques são registrados no Google, cada vez que ele aparece com uma referência nova em campo.

O Lago Ness





Águas azul-escuro, misteriosas como as histórias  que lhes deram fama. Coisa antiga. Os primeiros relatos têm mais de 1500 anos de idade. Emergida das profundezas do Ness, a lenda  de um monstro que chegou a chamar a atençao da comunidade científica e que ainda hoje atrai curiosos e desperta a imaginação. Desde o século VI já se ouvia por aquelas bandas rumores de um habitante gigantesco nas águas do Ness. Lago estreito, longo e profundo.  Em 2 de maio de 1933, uma fotografia de genuinidade não confirmada deu ares de veracidade a conversas de pescador regadas a muito wisky. A fofoca, autenticada pela mídia, transformou essa parte da Escócia numa das mais atrativas e populares.  A fotografia foi considerada  fraude em 1993. Em 2007 a BBC  de Londres decidiu tirar dúvidas de uma vez. Mergulhadores equipados com câmeras e sonares fizeram uma varredura no lago. Gastaram horas e recursos sob o gelado Ness, mas nem sinal do bichão. A imprensa e o governo Escocês fizeram declaração oficial sobre a não existência do monstro. Ainda assim, a fantasia  e a crença popular proliferam. Há quem jure de pé junto ter visto e até filmado sombras do astro que não gosta de aparecer.

Obs: “Meu Monstro de Estimação” (Water Horse) é um filme com uma versão muito bonitinha sobre a lenda do Ness. Vale à pena.

Ruínas do castelo Urquhart, às margens do lago.
Fotos: Ken Rathbun & Wal Nascimento.
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Em ordem

Colocar a casa em ordem não é tarefa simples nem rápida. Só comecei e a lista de destaques já tá dobrando a esquina... Um mar de generalidades e uma gota de precisão aqui e ali pra me valer o título de especialista. Título, aliás, emprestado do jornalista Ari Peixoto que define bem o que me proponho a mostrar neste blog. O "especialista" é pretensão, sei. Mas as generalidades... confira.
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Minha música de Natal favorita



What Child is This?
1. What Child is this who, laid to rest
On Mary's lap is sleeping?
Whom Angels greet with anthems sweet,
While shepherds watch are keeping?

This, this is Christ the King,
Whom shepherds guard and Angels sing;
Haste, haste, to bring Him laud,
The Babe, the Son of Mary.

2. Why lies He in such mean estate,
Where ox and ass are feeding?
Good Christians, fear, for sinners here
The silent Word is pleading.

Nails, spear shall pierce Him through,
The cross be borne for me, for you.
Hail, hail the Word made flesh,
The Babe, the Son of Mary.

3. So bring Him incense, gold and myrrh,
Come peasant, king to own Him;
The King of kings salvation brings,
Let loving hearts enthrone Him.

Raise, raise a song on high,
The virgin sings her lullaby.
Joy, joy for Christ is born,
The Babe, the Son of Mary.

Música escrita em 1865 pelo inglês William Chatterton Dix.

Índia


Penso que a Índia é um continente etiquetado erroneamente como país. Confederação de diferentes nacionalidades. Multiplicidade de línguas, culturas, costumes, castas e religiões. A Babel mais diversificada do planeta! Do lado de cá do globo a gente quebra a cabeça tentando aprender um segundo idioma. Lá, é preciso dominar pelo menos 3 pra sobreviver. Hindi é a língua oficial, Inglês, a língua franca, e para cada um dos mais de 20 estados, uma língua “estadual” distinta (que às vezes se repete, mas sempre com variações). Isso sem contar os variados dialetos das dezenas de tribos; grupos etnicos que não são contados no sistema de castas indiano. Numa das movimentadas e buzinentas ruas de Delhi, um vendedor de tecidos me confunde com indiana e dispara uma dezena de palavras em Hindi. Percebe que não compreendo e começa a falar em Simte (língua tribal), obtendo o mesmo insucesso. Faz mais uma tentativa em outra língua tribal e quando finalmente descobre que a minha tribo é do Brasil, me deixa sem palavras quando começa a falar das qualidades do pano num misto de português e espanhol. Comprei. Fazer o quê depois de tal habilidade persuasiva.
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Mister Simpatia

Gado Highlander é o nome desse boizinho cheio de estilo. Adultos conseguem chamar mais atenção que  os filhotes. O casaco espesso é traje apropriado ao clima, imperiosamente gelado durante a maior parte do ano por aqui. Os pelos na cara me lembram adolescentes com síndrome de emo. Uns com mechas, outros arrepiados, sempre caindo sobre os olhos. Não sei como conseguem ver (tenho a mesma dúvida quanto aos rebeldes sem causa da nossa espécie). E há quem os crie só pela aparência. São considerados atração turística na Escócia com razão. Passamos mais de uma hora tirando foto e admirando os bichinhos que parecem feitos de pelúcia. Deixaram-se  fotografar à vontade enquanto mantivemos uma respeitável distância. Foi só eu tentar tirar foto perto de um deles e o rebanho inteiro decidiu procurar pasto em outra colina. Timidez ou arrogância perdoada. Nem precisa ser sociável pra ganhar em simpatia com todo esse escesso de fofura.

E aí seguem mais alguns cliques:

Meninas em dupla... até o comportamento parece infanto-juvenil.

Não me pergunte o que aquela banheira tá fazendo no meio do pasto.

Ao sabor do vento... adivinha o que são aqueles pontinhos escuros na grama verde?

Levando bronca...

Tudo bem, os filhotes também são uns fofos!

Pose de capa de revista... Esconde os seios, menina!

Clássica pose de tô nem aí.


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Para não falar de coisas tristes



Voltemos à Escócia
Em cada detalhe uma novela. Escócia dos muitos romances, das muitas guerras; de muito suor e de sangue derramados. Escócia das saias xadrezes, dos guerreiros heróis, das princesas fujonas, dos castelos encantados. Lugar de amores frustrados, de religiosos convictos, de clãs amigos, de familias inimigas, de mártires, de ruínas, de rochedos, de estradas sinuosas e estreitas, de muros de pedra e de cardos (flor selvagem que é símbolo nacional). País do wisky, do cordeiro, do boizinho estilista, das cachoeiras de verão, do inverno rigoroso, do clima instável. Tanto pra contar, tanto pra descrever, tanto pra não esquecer. Escócia do orgulho obstinado e ferido, que um dia sonhou com a independência, que decidiu lutar, e que ainda não desistiu. (Por que é que eu continuo na mesma tecla...)
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A grandeza do orgulho e do egoísmo paraense


Orgulho, sim. Egoísmo também e em muito maior escala. Orgulho, como advocam alguns,  pode ter má e boa conotação, dependendo do objeto e da forma como se representa. Favoráveis e contrários à divisão demontraram ambos. Houve razões para aplauso por mostras de um orgulho... “bom”: orgulho de manifestar opinião (ainda que não própria); orgulho de fazer diferença; de dizer sim ou não mesmo que o outro tenha escolhido a opção oposta; orgulho de ser. E não foram poucas as manifestações errôneas e vergonhosas de orgulho insano, exagerado, exacerbado e cheio de excessos desnessários.  Mas orgulho perde em feiúra e degradação para o famigerado egoísmo. Egoísmo camuflado de orgulho. Egoísmo em roupas de filantropia, em nome da união. Egoísmo de quem sabe que há perdas do outro lado, mas quem se importa? Farinha pouca, meu pirão primeiro.  E eu ouço em reportagem nacional, em tom orgulhosamente egoísta, que a voz do povo foi ouvida. Que povo? A voz do povo que urge por mudança foi sufocada pela voz do povo que está bem como está.  A capital se agita, festeja, “viva a união!”, “viva a anulação da mudança prometida e ansiada (não a nossa, a deles, claro)”.  União? Egoísmo que se traduz no orgulho de não precisar dividir. 
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Meu primeiro natal com neve


 Os primeiros flocos  caíram  sobre minha cabeça em forma de tempestade.  Neve pesada e molhada, com flocos bem definidos. Era possível ver o formato de cada um antes de virarem água outra vez.  O clima não era  frio o suficiente pra  manter os flocos congelados e unidos. Mais uns dias e, enfim, neve como nos desenhos animados. Uma brancura cobrindo  todas as imperfeições da paisagem. Tapete espesso  e imaculado.  Parece glacê de bolo de casamento. Não foi à toa que Davi comparou neve com pureza. Nem Omo pra produzir um branco tão branco.  E a criançada adora ir lá fora e fazer boneco de neve, anjo de neve, bola de neve pra jogar nos outros, e por aí vai. Uma delícia se você decide só olhar, do lado de dentro da janela, com aquecedor ligado. Se não resistir à tentação de fazer o mesmo terá, como eu, 2 minutos de diversão e 10 de congelado arrependimento. Frio é como lâmina atravessando  todas as barreiras  que a gente veste até  tocar os ossos e os sinos do cérebro.  Uma dor doída que se recusa a passar. E quando passa  é sinal de que os nervos congelaram  e o corpo adormeceu. E olhando aquela turma lá fora horas a fio me convenço de que nervos e sensos se desenvolvem com a idade.  Lembro de ter escrito algo parecido tempos atrás e, como preguiça me previne de fazer um texto novo, segue o velho outra vez.




Sindrome de Insensibilidade Climática

No meu tempo de Brasil, cheguei a conclusão de que moleque não sente calor. A turma perto de casa passava o dia naquele sol de escaldar e de fritar empinando papagaio, jogando futebol nos campinhos de terreno baldio  e correndo atrás de confusão. Um bando de curumins imunes ao sol. Do outro lado das Américas penso que a molecada também sofre de insensibilidade climática, invertida.  O termômetro marca 10 abaixo de zero, a gente mal consegue atravessar os três metros que vão do estacionamento à porta de casa  e a turminha tá lá, há duas horas no quintal escorregando em tampa de lixeira, fazendo  bonecos, movimentando braços e pernas na neve pra fazer anjinho, fazendo guerra e correndo atrás de confusão. Tenho a impressão de que a síndrome se cura em algum ponto entre a adolescência tardia e a fase adulta. Mas alguns poucos não se curam.

Virando picolé

Em um orfanato na Jamaica

Entre os muitos orfanatos da Jamaica, um conquistou meu respeito e simpatia. Não é a regra. É uma animadora excessão num país onde crianças nascem como que ao acaso e são tidas como estorvo (parece familiar?). Cerca de 30 crianças recebem boa alimentação, roupas, educação fora do ambiente de claustro, reforço escolar para os que não acompanham o ritmo na escola, até aulas de natação numa piscina que veio como bênção extra com a casa recém adquirida. As aulas de natação são mais do que atividade extra curricular e exercício. São vistas como conhecimento básico na ilha onde mais de 90% da população não sabe nadar. Cercados por água e por tanta praia bonita, é mesmo uma pena, mas fato.  Os membros da equipe tomam como desafio. “Se entrou boiando, sai nadando”. E os molequinhos adoram.  Viram patinhos assim que chegam da escola. Trocam os uniformes por calções de banho e o próximo barulho que se ouve é um splash seguido por alagamento nas bordas do tanque. Os meninos maiores não tem os mesmos privilégios diários, mas, uma vez por semana, ganham um passeio como prêmio por bom comportamento. Quem fez tudo direitinho tem um dia de lazer em uma das praias de Montego Bay. O sucesso do prêmio garante a ordem nos outros dias. A instituição já funcionou em pelo menos outros quatro lugares, e agora tem paradeiro final num local extraordinariamente adequado. Não é o melhor lugar. O melhor lugar pra criança se chama lar, por mais pobre que seja, perto da família (real, adotada, do coração ou como queiram), por mais imperfeita que seja (não são todas?) . Não precisa observar muito pra saber que qualquer uma daquelas crianças trocaria todo o conforto que têm nesse orfanato dos sonhos por um colo de mãe de verdade. Ainda assim, um bom lugar para meninos e meninas que sofreram o bastante por uma vida. Crianças rejeitadas, espancadas, abusadas, abandonadas nas ruas jamaicanas, traumatizadas pelo mau dos outros têm, neste lugar, o que podem chamar de casa. E pensar que elas são privilegiadas se comparadas com as crianças de outras instituições, cuja realidade é muito mais dura, muito mais fria e muito mais parecida com a idéia que temos de orfanato.

Aberta oficialmente a temporada natalina neste blog

E a primeira da lista vem de Paris porque encuquei que quero aprender francês. J'aime beacoup la France!
A quem interessar possa segue abaixo a letra da música. Vejamos quantos bicos você é capaz de  fazer e quantas vogais você pode ler sem pronunciar...Ehehehehe


 Le feu danse dans la cheminée Dehors on tremble de froid Nuit de Noël,
de sapins parfumés Partout, tu fais naître la joie 
Et au réveillon, pour les amoureux sous le gui Les baisers seront permis 
Les enfants, le coeur vibrant d'espoir,
On peine à s'endormir ce soir Le père noël s'est mis en route
Sur son traîneau Chargé de jouet et de cadeaux
Et les petits guettent et écoutent
La ronde folle des rennes dans le ciel
Et moi pour vous, je fais ce simple voeux

Qu'on échange depuis l'enfant dieu
Jeunes et moins jeunes soyez tous très heureux
Joyeux joyeux noël !
Et moi pour vous, je fais ce simple voeux
Qu'on échange depuis l'enfant dieu
Jeunes et moins jeunes soyez tous très heureux
Joyeux joyeux noël