Quase em casa

Ainda hoje, entre os habitantes mais antigos de Goa, é possível encontrar falantes da língua portuguesa. Nomes de lugares e  de pessoas soam tão familiares quanto a alcunha de nosso motorista: Menino Mariano. Menino é nome; Mariano, sobrenome. Língua materna: Concani. (de português mesmo só algumas frases ensinadas pela avó ou coisa assim). Profissão: motorista de auto-riquixá. É ele quem nos guia em mais uma aventura pela terra das mil e uma identidades. Seguimos em direção a Goa Velha, a antiga capital da colônia portuguesa. A herança lusa está por toda a parte, na arquitetura e nos costumes religiosos. Aqui e ali, uma placa escrita em Português. Mariano nos ensina uma ou duas expressões em Concani, pra causar boa impressão entre a gente a terra. Boa impressão me causam os velhinhos que me saúdam em minha língua natal. Tenho a agradável sensação de estar quase em casa. 


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Cliques da Catedral da Sé

O catolicismo é bastante presente na cidade de Goa Velha. É onde se pode encontrar mais traços de influência lusa. Abaixo, fotos da Catedral da Sé, uma das maiores do mundo. Por alguma razão, a igreja me pareceu maior quando vista do lado de dentro. 
 Vista lateral da igreja

 Vista frontal. Parece que falta alguma coisa? Pois é. Falta. Uma das torres desabou na década de 80, se não me engano. (Pensou que era coisa de arquitetura portuguesa, né?)


Catedral vista do lado de dentro.

Mesmo fotógrafo. :) 

Cliques da Igreja de Bom Jesus

 Igreja de Bom Jesus, considerada pela Unesco Patrimônio da Humanidade. É onde se encontra o corpo de S. Francisco Xavier.
 Do outro lado da rua fica a Catedral da Sé. 
 Fiéis e curiosos se aglomeram pra ver o corpo do santo. Acima, detalhe da tumba de vidro.
 Mais detalhes de arquitetura portuguesa. A construção fica bem ao lado da igreja de Bom Jesus.
Lateral da igreja.

Fotos: Ken Rathbun. Meu marido adora tirar foto de igreja.

Goa, a India Portuguesa


A India tem 16 línguas oficiais e Português não é uma delas. O vernáculo latino deixou de ser obrigatório na década de 60 quando Goa finalmente obteve independência. Não foi um processo amistoso, mas também não chegou a ser sangrento. Relutantes portugueses foram forçados a deixar a então colônia lusa em 1961, quase duas décadas depois da saída dos ingleses de território indiano. Portugal exercia supremacia sobre a área desde 1510 . Goa é, hoje, o menor, menos populoso  e mais rico estado indiano per capita. A riqueza se deve em muito aos turistas, atraídos pelas praias, construções históricas e monumentos religiosos, dentre os quais se destacam os templos hinduístas. Monumentos católicos vem em segundo, com igrejas e conventos que são considerados pela Unesco Patrimônio da Humanidade. Há também relíquias como os restos mortais de São Francisco Xavier. Fiéis e curiosos de toda a parte do globo visitam essa parte da India só pra ver o corpo que se recusa a deteriorar. Alguns até já decidiram levar um pouquinho do santo pra casa, mas essa já é história pra outro post.   
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Meu mais novo herói favorito

 Acima, em pose oficial.



Futebol brasileiro já é pra mim um imenso ponto de interrogação. Futebol americano, com todos aqueles marmanjos dentro de capacetes se matando pra avançar 10 metros em campo então... Mas é desse universo quase desconhecido que vem o meu mais novo herói. O nome dele é Tim Tebow. Tá fazendo o maior sucesso na liga de futebol americano, não só pelos looks ou pelo talento com a bola, que por sinal, nem é tanto, mas por uma genuína e inspiradora fé. No meio de gigantes egocêntricos, cuja vida pessoal se reduz a jogo, a bebida, a sexo e a escândalos de toda a sorte, um menino de 24 anos se dispõe a mostrar e a viver o que acredita. Ele fala o nome de Cristo em cada frase que pronuncia; não tem vergonha de ajoelhar e de orar em campo antes, às vezes durante, e depois de cada jogo; e não tem medo de ser criticado. O gesto virou moda e até gerou um novo verbo: “tebowing: ato de ajoelhar com uma mão no chão e outra na fronte em sentido de oração; ato de imitar Tebow; agir como Tebow.” Fãs, adversários e até as chefes de torcida (imagine) andam praticando o novo verbo. Críticos não faltam. Defensores também não. Num aspecto ambas as categorias concordam. Tebow não é hipócrita. Não é encenação. Não é falsa religiosidade. Tebow é um autêntico crente. Pode não ser o jogador ideal para o seu time, mas com certeza seria o marido ideal para a sua filha. É o que dizem. Tebow também não é orgulhoso. Não tem de quê, dizem os críticos. É um dos mais atrapalhados quarterbacks da liga. Mas ele demonstra aprender rápido. Em sete jogos, cinco vitórias e uma melhora impressionante na habilidade esportiva. O que falta em talento, sobra em determinação e humildade. Humildade suficiente pra reconhecer as próprias limitações. Humildade necessária ao processo de aprendizado e de aperfeiçoamento, seja no que for. Tebow pode não ser o melhor quarter back do momento mas é, sem dúvida, o mais popular.



Com Efésios 2:8-10 no rosto. Tem gente até que começou a ler a Bíblia por causa dele. Milhares de cliques são registrados no Google, cada vez que ele aparece com uma referência nova em campo.

O Lago Ness





Águas azul-escuro, misteriosas como as histórias  que lhes deram fama. Coisa antiga. Os primeiros relatos têm mais de 1500 anos de idade. Emergida das profundezas do Ness, a lenda  de um monstro que chegou a chamar a atençao da comunidade científica e que ainda hoje atrai curiosos e desperta a imaginação. Desde o século VI já se ouvia por aquelas bandas rumores de um habitante gigantesco nas águas do Ness. Lago estreito, longo e profundo.  Em 2 de maio de 1933, uma fotografia de genuinidade não confirmada deu ares de veracidade a conversas de pescador regadas a muito wisky. A fofoca, autenticada pela mídia, transformou essa parte da Escócia numa das mais atrativas e populares.  A fotografia foi considerada  fraude em 1993. Em 2007 a BBC  de Londres decidiu tirar dúvidas de uma vez. Mergulhadores equipados com câmeras e sonares fizeram uma varredura no lago. Gastaram horas e recursos sob o gelado Ness, mas nem sinal do bichão. A imprensa e o governo Escocês fizeram declaração oficial sobre a não existência do monstro. Ainda assim, a fantasia  e a crença popular proliferam. Há quem jure de pé junto ter visto e até filmado sombras do astro que não gosta de aparecer.

Obs: “Meu Monstro de Estimação” (Water Horse) é um filme com uma versão muito bonitinha sobre a lenda do Ness. Vale à pena.

Ruínas do castelo Urquhart, às margens do lago.
Fotos: Ken Rathbun & Wal Nascimento.
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Em ordem

Colocar a casa em ordem não é tarefa simples nem rápida. Só comecei e a lista de destaques já tá dobrando a esquina... Um mar de generalidades e uma gota de precisão aqui e ali pra me valer o título de especialista. Título, aliás, emprestado do jornalista Ari Peixoto que define bem o que me proponho a mostrar neste blog. O "especialista" é pretensão, sei. Mas as generalidades... confira.
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Minha música de Natal favorita



What Child is This?
1. What Child is this who, laid to rest
On Mary's lap is sleeping?
Whom Angels greet with anthems sweet,
While shepherds watch are keeping?

This, this is Christ the King,
Whom shepherds guard and Angels sing;
Haste, haste, to bring Him laud,
The Babe, the Son of Mary.

2. Why lies He in such mean estate,
Where ox and ass are feeding?
Good Christians, fear, for sinners here
The silent Word is pleading.

Nails, spear shall pierce Him through,
The cross be borne for me, for you.
Hail, hail the Word made flesh,
The Babe, the Son of Mary.

3. So bring Him incense, gold and myrrh,
Come peasant, king to own Him;
The King of kings salvation brings,
Let loving hearts enthrone Him.

Raise, raise a song on high,
The virgin sings her lullaby.
Joy, joy for Christ is born,
The Babe, the Son of Mary.

Música escrita em 1865 pelo inglês William Chatterton Dix.

Índia


Penso que a Índia é um continente etiquetado erroneamente como país. Confederação de diferentes nacionalidades. Multiplicidade de línguas, culturas, costumes, castas e religiões. A Babel mais diversificada do planeta! Do lado de cá do globo a gente quebra a cabeça tentando aprender um segundo idioma. Lá, é preciso dominar pelo menos 3 pra sobreviver. Hindi é a língua oficial, Inglês, a língua franca, e para cada um dos mais de 20 estados, uma língua “estadual” distinta (que às vezes se repete, mas sempre com variações). Isso sem contar os variados dialetos das dezenas de tribos; grupos etnicos que não são contados no sistema de castas indiano. Numa das movimentadas e buzinentas ruas de Delhi, um vendedor de tecidos me confunde com indiana e dispara uma dezena de palavras em Hindi. Percebe que não compreendo e começa a falar em Simte (língua tribal), obtendo o mesmo insucesso. Faz mais uma tentativa em outra língua tribal e quando finalmente descobre que a minha tribo é do Brasil, me deixa sem palavras quando começa a falar das qualidades do pano num misto de português e espanhol. Comprei. Fazer o quê depois de tal habilidade persuasiva.
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Mister Simpatia

Gado Highlander é o nome desse boizinho cheio de estilo. Adultos conseguem chamar mais atenção que  os filhotes. O casaco espesso é traje apropriado ao clima, imperiosamente gelado durante a maior parte do ano por aqui. Os pelos na cara me lembram adolescentes com síndrome de emo. Uns com mechas, outros arrepiados, sempre caindo sobre os olhos. Não sei como conseguem ver (tenho a mesma dúvida quanto aos rebeldes sem causa da nossa espécie). E há quem os crie só pela aparência. São considerados atração turística na Escócia com razão. Passamos mais de uma hora tirando foto e admirando os bichinhos que parecem feitos de pelúcia. Deixaram-se  fotografar à vontade enquanto mantivemos uma respeitável distância. Foi só eu tentar tirar foto perto de um deles e o rebanho inteiro decidiu procurar pasto em outra colina. Timidez ou arrogância perdoada. Nem precisa ser sociável pra ganhar em simpatia com todo esse escesso de fofura.

E aí seguem mais alguns cliques:

Meninas em dupla... até o comportamento parece infanto-juvenil.

Não me pergunte o que aquela banheira tá fazendo no meio do pasto.

Ao sabor do vento... adivinha o que são aqueles pontinhos escuros na grama verde?

Levando bronca...

Tudo bem, os filhotes também são uns fofos!

Pose de capa de revista... Esconde os seios, menina!

Clássica pose de tô nem aí.


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Para não falar de coisas tristes



Voltemos à Escócia
Em cada detalhe uma novela. Escócia dos muitos romances, das muitas guerras; de muito suor e de sangue derramados. Escócia das saias xadrezes, dos guerreiros heróis, das princesas fujonas, dos castelos encantados. Lugar de amores frustrados, de religiosos convictos, de clãs amigos, de familias inimigas, de mártires, de ruínas, de rochedos, de estradas sinuosas e estreitas, de muros de pedra e de cardos (flor selvagem que é símbolo nacional). País do wisky, do cordeiro, do boizinho estilista, das cachoeiras de verão, do inverno rigoroso, do clima instável. Tanto pra contar, tanto pra descrever, tanto pra não esquecer. Escócia do orgulho obstinado e ferido, que um dia sonhou com a independência, que decidiu lutar, e que ainda não desistiu. (Por que é que eu continuo na mesma tecla...)
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A grandeza do orgulho e do egoísmo paraense


Orgulho, sim. Egoísmo também e em muito maior escala. Orgulho, como advocam alguns,  pode ter má e boa conotação, dependendo do objeto e da forma como se representa. Favoráveis e contrários à divisão demontraram ambos. Houve razões para aplauso por mostras de um orgulho... “bom”: orgulho de manifestar opinião (ainda que não própria); orgulho de fazer diferença; de dizer sim ou não mesmo que o outro tenha escolhido a opção oposta; orgulho de ser. E não foram poucas as manifestações errôneas e vergonhosas de orgulho insano, exagerado, exacerbado e cheio de excessos desnessários.  Mas orgulho perde em feiúra e degradação para o famigerado egoísmo. Egoísmo camuflado de orgulho. Egoísmo em roupas de filantropia, em nome da união. Egoísmo de quem sabe que há perdas do outro lado, mas quem se importa? Farinha pouca, meu pirão primeiro.  E eu ouço em reportagem nacional, em tom orgulhosamente egoísta, que a voz do povo foi ouvida. Que povo? A voz do povo que urge por mudança foi sufocada pela voz do povo que está bem como está.  A capital se agita, festeja, “viva a união!”, “viva a anulação da mudança prometida e ansiada (não a nossa, a deles, claro)”.  União? Egoísmo que se traduz no orgulho de não precisar dividir. 
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Meu primeiro natal com neve


 Os primeiros flocos  caíram  sobre minha cabeça em forma de tempestade.  Neve pesada e molhada, com flocos bem definidos. Era possível ver o formato de cada um antes de virarem água outra vez.  O clima não era  frio o suficiente pra  manter os flocos congelados e unidos. Mais uns dias e, enfim, neve como nos desenhos animados. Uma brancura cobrindo  todas as imperfeições da paisagem. Tapete espesso  e imaculado.  Parece glacê de bolo de casamento. Não foi à toa que Davi comparou neve com pureza. Nem Omo pra produzir um branco tão branco.  E a criançada adora ir lá fora e fazer boneco de neve, anjo de neve, bola de neve pra jogar nos outros, e por aí vai. Uma delícia se você decide só olhar, do lado de dentro da janela, com aquecedor ligado. Se não resistir à tentação de fazer o mesmo terá, como eu, 2 minutos de diversão e 10 de congelado arrependimento. Frio é como lâmina atravessando  todas as barreiras  que a gente veste até  tocar os ossos e os sinos do cérebro.  Uma dor doída que se recusa a passar. E quando passa  é sinal de que os nervos congelaram  e o corpo adormeceu. E olhando aquela turma lá fora horas a fio me convenço de que nervos e sensos se desenvolvem com a idade.  Lembro de ter escrito algo parecido tempos atrás e, como preguiça me previne de fazer um texto novo, segue o velho outra vez.




Sindrome de Insensibilidade Climática

No meu tempo de Brasil, cheguei a conclusão de que moleque não sente calor. A turma perto de casa passava o dia naquele sol de escaldar e de fritar empinando papagaio, jogando futebol nos campinhos de terreno baldio  e correndo atrás de confusão. Um bando de curumins imunes ao sol. Do outro lado das Américas penso que a molecada também sofre de insensibilidade climática, invertida.  O termômetro marca 10 abaixo de zero, a gente mal consegue atravessar os três metros que vão do estacionamento à porta de casa  e a turminha tá lá, há duas horas no quintal escorregando em tampa de lixeira, fazendo  bonecos, movimentando braços e pernas na neve pra fazer anjinho, fazendo guerra e correndo atrás de confusão. Tenho a impressão de que a síndrome se cura em algum ponto entre a adolescência tardia e a fase adulta. Mas alguns poucos não se curam.

Virando picolé

Em um orfanato na Jamaica

Entre os muitos orfanatos da Jamaica, um conquistou meu respeito e simpatia. Não é a regra. É uma animadora excessão num país onde crianças nascem como que ao acaso e são tidas como estorvo (parece familiar?). Cerca de 30 crianças recebem boa alimentação, roupas, educação fora do ambiente de claustro, reforço escolar para os que não acompanham o ritmo na escola, até aulas de natação numa piscina que veio como bênção extra com a casa recém adquirida. As aulas de natação são mais do que atividade extra curricular e exercício. São vistas como conhecimento básico na ilha onde mais de 90% da população não sabe nadar. Cercados por água e por tanta praia bonita, é mesmo uma pena, mas fato.  Os membros da equipe tomam como desafio. “Se entrou boiando, sai nadando”. E os molequinhos adoram.  Viram patinhos assim que chegam da escola. Trocam os uniformes por calções de banho e o próximo barulho que se ouve é um splash seguido por alagamento nas bordas do tanque. Os meninos maiores não tem os mesmos privilégios diários, mas, uma vez por semana, ganham um passeio como prêmio por bom comportamento. Quem fez tudo direitinho tem um dia de lazer em uma das praias de Montego Bay. O sucesso do prêmio garante a ordem nos outros dias. A instituição já funcionou em pelo menos outros quatro lugares, e agora tem paradeiro final num local extraordinariamente adequado. Não é o melhor lugar. O melhor lugar pra criança se chama lar, por mais pobre que seja, perto da família (real, adotada, do coração ou como queiram), por mais imperfeita que seja (não são todas?) . Não precisa observar muito pra saber que qualquer uma daquelas crianças trocaria todo o conforto que têm nesse orfanato dos sonhos por um colo de mãe de verdade. Ainda assim, um bom lugar para meninos e meninas que sofreram o bastante por uma vida. Crianças rejeitadas, espancadas, abusadas, abandonadas nas ruas jamaicanas, traumatizadas pelo mau dos outros têm, neste lugar, o que podem chamar de casa. E pensar que elas são privilegiadas se comparadas com as crianças de outras instituições, cuja realidade é muito mais dura, muito mais fria e muito mais parecida com a idéia que temos de orfanato.

Aberta oficialmente a temporada natalina neste blog

E a primeira da lista vem de Paris porque encuquei que quero aprender francês. J'aime beacoup la France!
A quem interessar possa segue abaixo a letra da música. Vejamos quantos bicos você é capaz de  fazer e quantas vogais você pode ler sem pronunciar...Ehehehehe


 Le feu danse dans la cheminée Dehors on tremble de froid Nuit de Noël,
de sapins parfumés Partout, tu fais naître la joie 
Et au réveillon, pour les amoureux sous le gui Les baisers seront permis 
Les enfants, le coeur vibrant d'espoir,
On peine à s'endormir ce soir Le père noël s'est mis en route
Sur son traîneau Chargé de jouet et de cadeaux
Et les petits guettent et écoutent
La ronde folle des rennes dans le ciel
Et moi pour vous, je fais ce simple voeux

Qu'on échange depuis l'enfant dieu
Jeunes et moins jeunes soyez tous très heureux
Joyeux joyeux noël !
Et moi pour vous, je fais ce simple voeux
Qu'on échange depuis l'enfant dieu
Jeunes et moins jeunes soyez tous très heureux
Joyeux joyeux noël

"Fish and Chips"

 Embalado pra viagem é assim... 
Se você é daqueles super conscientizados com o meio ambiente e pensa que óleo de fritura é o mal a ser combatido no momento, melhor pôr a Escócia na sua lista vermelha (ainda tem circunflexo em “pôr”?). O povo banha tudo em óleo quente por aquelas bandas e sabe lá onde vão parar as sobras depois de usadas e reusadas. Carne, legumes, chocolate (sim, chocolate!), peixe, batata e o que mais aparecer fritos no mesmo tacho cheio de gordura (ao menos eles são a favor dos reutilizáveis – bom para o meio ambiente; efeito coquetel molotov para o corpo de quem se aventura). 
Uma das comidas rápidas mais populares na Escócia é chamada “fish and chips” (peixe e batatas). Uma bela posta de peixe temperada com sal e pimenta, banhada no óleo fervente, servida com batatas igualmente engorduradas e um pouco de vinagre por cima (eles dizem que o vinagre acentua o sabor- acentua, mas não melhora em nada). Tão popular quanto churrasquinho em Santarém. Receita simples o suficiente para ser feita em casa. Um aviso: antes de começar a fritar meio mundo, melhor prevenir. Tenha leite de magnésia à mão. Esteja certo de estar perto de um banheiro o suficiente  antes de iniciar a experiência quase suicida (o “suficiente” é calculado pela velocidade de suas pernas em metro por segundo após a ingestão de 5 ou 6 garfadas de peixe com 8 ou 10 batatinhas). É difícil encontrar qualquer coisa em situações de extrema urgência e há urgências que não esperam meeeesmo.  Não escolha este menu se estiver faminto. É possível que coma mais do que o previsto e suportável pelo seu organismo. 

As Jóias da Coroa Escocesa e a Pedra do Destino


O castelo de Edimburgo é por si uma maravilha  antiga. Investigar os recantos desse lugar é como assistir a um filme do lado de dentro da tela. Filme de guerra, com detalhes sangrentos que seriam um horror se vistos em cores e ao vivo.  Os soldados da guarda, as torres, o imenso pátio com vista deslumbrante fazem do castelo um lugar mágico igual ao dos livros de história medieval. E como nos livros, o castelo tem uma sala de tesouros. Preciosidades de história real e uma pitada de mistério. O cetro, a coroa e a espada são feitos de metais e pedras nobres. Já a Pedra do Destino parece mais uma enorme pedra ordinária. É, no entanto, o principal símbolo do orgulho escocês. Alguns dizem ser esta a mesma pedra que Jacó usou como travesseiro, mas daí já é exagero de escocês que tem a imaginação maior que o orgulho. Segundo relatos, essa tem sido a pedra utilizada como assento de coroação dos reis da Escócia e durante muitos anos foi colocada debaixo do trono britânico. Talvez como forma de os ingleses humilharem os escoceses que, por muito tempo lutaram contra os primos por uma nação autônoma. Não conseguiram. Ainda hoje há nacionalistas dispostos a romper o laço escocês com o Reino Unido. Mas daí, só mesmo um outro highlander Coração Valente  pra recomeçar essa guerra.
Como de praxis, eles não deixam tirar foto... Tomem minha palavra como testemunho de que as jóias e a pedra estão em algum lugar aí dentro.

Ps: O nacionalismo escossês ressurgiu de maneira intensa após a exibição do filme CoraçãoValente em 1995.

Ainda a caminho de Edimburgo

Um autêntico guerreiro highlander... Ehehehehe...
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Meus meninos e meninas da Jamaica


Falam mais do que ouvem, correm mais do que andam, andam mais do que devem e ouvem o que bem entendem, mas só fazem o que dá na telha. Quando não querem que eu entenda falam em Pátua. Se querem se fazer entendidos falam lenta e altamente (pensam que diferença de sotaque é sinônimo de surdez). Sou tia Wal quando querem fazer doce, sou “Miss” quando querem pedir favores, sou “dona” quando sabem que é hora de obedecer, sou “professora” quando me encontram na rua em meio de semana, e sou também colo para os que correram mais do que as pernas e pagaram com o nariz. Sou mil e uma entre os cinquenta cada domingo, tentando não perder o controle (o meu e o deles).   Com todas as peraltices do dia querem ser ajudantes, só pra poder mandar nos outros com ar de autoridade. Um dia me matam de rir, no outro me fazem querer arrancar os cabelos. E são tão fofos de derreter o coração. A parte mais doce e inocente do Caribe. 

O beco da Maria Rei







Escócia é um lugar cheio de surpresas, principalmente pra quem não olha onde pisa. Marcas da história estão literalmente sob os pés de quem vaga pelas ruas de Edimburgo, a capital escocesa. O castelo de Edimburgo é destino certo de turistas e historiadores. E foi a caminho do castelo que aprendemos sobre o beco da Maria Rei (Mary King’s Close). As ruas largas e mais estruturadas da Edimburgo atual foram construidas sobre outras ruas, casas e quarteirões inteiros. Mas o beco da Maria Rei foi preservado como testemunha de um passado enterrado há seculos.  Pra entrar no beco é preciso fazer uma viagem ao subsolo. A gente desce uns degraus e pronto, volta alguns 400 anos no tempo. É fascinante, mas não é pra claustrofóbicos. O lugar é escuro, apertado e fantasmagórico. A gente entra em casas ainda preservadas no beco, aprende sobre seus ex-moradores e tem uma descrição vívida sobre a vida, a morte e o sistema sanitário do século XVII nesta parte da Escócia.  Pouco mais de 400 anos atrás, você não gostaria de estar perambulando por este beco às 7 da manhã ou às 10 da noite. Este era o horário em que os moradores da vila costumavam se desfazer de todo o material fisiológico acumulado nos pinicos, bem ali, direto na rua. Os dejetos deslizavam pela ladeira íngrime até chegarem ao rio. Imaginei a cena, o cheiro, e não precisei de almoço por um tempo.
Obs: Maria Rei foi uma das moradoras mais influentes desse beco.  Uma negociante de tecidos que acabou emprestando o nome ao lugar.
Imagens e mais informações aqui... (eles não deixam tirar foto L)

A Casa Torta



Dizer que determinado prédio é antigo na Inglaterra é expressão batida. Tudo por lá parece temperado com aquela austeridade clássica que só o tempo pode produzir. Até anomalias de engenharia viram atração (por que não) histórica. É o caso da casa torta (crooked house of Windsor). Já foi mercado, açougue, joalheria, casa de antiguidades, lojinha de presentes... Interessante  a versatilidade desses lugares antigos. Quanto mais velho, mais eclético. A casa é torta de nascença. Foi contruída na época da rainha Elizabete I (1592) como Mercado. Ao que consta nos altos, o lugar também já foi moralmente capenga. Aqui, dizem as más línguas, o rei Charles II se encontrava com suas muitas amantes. Tem até uma passagem secreta que liga o castelo de Windsor ao torto destino do rei infiel. Passagem cerrada desde que o caso virou público demais (ou quando cortaram a cabeça do rei, não lembro... não, não, esse foi o outro Charles). Nada que o tempo não dignifique. Há cerca de 30 anos a casa torta é uma respeitável casa de chá, onde se experimenta o delicioso e autêntico chá inglês com todos aqueles cremes e geléias e pães e brioches  e chá, claro (quem se importa?).  Uma bomba calórica que engorda  a pança e emagrece o bolso. Experiência que, uma vez na vida, é mais do que suficiente (assim como peixe e batata frita na Escócia, mas essa já é uma outra história...). 

Visual novo

A praia aí no fundo é em homenagem à Jamaica... Eheheehehehe... Não sei como trocar a foto por uma mais autêntica, mas a similaridade é satisfatória.
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Enquanto isso na Jamaica

Quase explodi a cozinha tentando cozinhar frango na pressão outra vez (a primeira tentativa foi ainda no Brasil- mamãe precisou de um fogão novo depois da experiência). Quero deixar claro que não foi por falta de jeito, foi jeito demais. A panela tava com um problema na tampa, e a engenheira aqui decidiu que podia dar um... "jeitinho"  (brasileira, né). Um pouquinho de papel aqui e a jeringonça começou a fazer barulho. Sinal de que havia dado certo. Mas daí que pressão é feita de ... certo, vapor. Vapor é nada mais, nada menos que... muito bem, água em estado gasoso. Água mole em papel seco... Já viu que o papel não continuou no estado em que estava por muito tempo, né?!  Foi-se pelos ares e com ele o vapor aromatizado e engordurado sabor frango, impregnando paredes, teto, janelas e cortinas, sem falar do chão. Justamente no dia em que o marido decidiu trabalhar em casa. Passo com pano, balde, desinfetante e mais um arsenal de produtos de limpeza em frente à porta do escritório, em direção ao local da tragédia.
Ele (sem saber do caos): "Precisa de ajuda?",
"preciso de uma cozinha nova", penso, mas respondo: "não, tou fazendo terapia ocupacional enquanto o almoço apronta."
Uma hora depois, janelas sem cortinas, paredes e tetos desinfetados, spagetti no fogo, meu marido aparece na porta.
"Pensei que íamos ter frango pro almoço..."
"Mudança de última hora no cardápio... a receita anterior tava muito complicada."
"Mudou alguma coisa por aqui além do cardápio?"
"Não de propósito," respondo.
Antes de sair da cozinha, pergunta:
Cheiro estranho por aqui não é?
"É..."

Windsor

       É o maior e mais antigo castelo ainda habitado no mundo. Uma fabulosa construção de quase mil anos de idade. Colossal e imponente. Encantado. Caminhar pelos corredores do castelo é como voltar no tempo e testemunhar a história acontecendo ali, diante dos nossos olhos. Quadros que decoram as paredes ganham vida. Parecem se mover como os soldados reais que montam guarda vestidos em trajes de época. Molduras, móveis, objetos pessoais antigos, particularidades de uma imensidão a ser explorada. Tudo parece se encaixar num conto de reis e rainhas de livro infantil, com a diferença de que este é mesmo real.  Personagens da história britânica tem casado, vivido e morrido neste castelo. A rainha Victória com o marido Albert fizeram de Windsor sua casa oficial (minha rainha favorita). Elizabete I usou o castelo como centro de entretenimento diplomático. A  segunda Elizabete faz o mesmo. O castelo é uma de suas residências oficiais e é bastante usado para receber visitantes ilustres.  Passei quase um dia inteiro explorando o interior de Windsor e seus arredores.  Saí pouco depois de ver a bandeira da Inglaterra ser trocada pela bandeira que traz o brasão da família real.  Sinal de que a rainha havia chegado, a tempo para o chá inglês. Não me senti ofendida por não ter sido convidada. Não estava mesmo em trajes apropriados para o encontro com a realeza.
 

Castelo de Windsor

       Acima: anntes de chegar a Windsor...  o tamanho e a imponência do castelo impressionam.



Uma das entradas...proibida para gente comum  ( nós).




A torre principal e o fosso que circunda Windsor. A área do fosso era toda inundada no passado. Um dos mecanismos de defesa do castelo. Hoje serve unicamente como decoração, tendo sido tranformada num belo jardim. 


Acima: Soldadinhos em traje de gala e eu, descombinando... Da próxima vou levar vestido e chapéu na mochila... Ehehehe...


Bandeira britânica no alto da torre....


Passeio pela área externa... 


Bandeira da rainha! Chegou sem me avisar, a sapeca.



Acabei de batizar este ponto como torre to relógio. :)


              Thau Windsor.

Basingstoke


Há menos de 80 km ao sudoeste de Londres, fica Basingstoke. Cidade com menos de 100 mil habitantes e mais de mil anos de história. Foi palco de conflitos, foi ponto de boom industrial com produção de tecidos (o tecido gabardine foi criado lá), foi alvo de bombardeamento durante a 2ª guerra mundial e foi nossa parada inicial em terreno inglês. Daqui colhi impressões sobre o jeito de viver e de fazer britânico. Tive sol, chuva e neve em um só dia. Andei por mais de uma hora só pra me manter acordada (depois de 13 horas de viagem) e poder dormir na primeira noite européia. Perambulei por ruas e parques, mal sabendo em que parte do Reino Unido ficava a cidade que eu nem sabia como pronunciar o nome. Não levou muito tempo pra eu me acostumar ao fuso e aos sotaques variados deste lugar cosmopolita. Fui apresentada a gente de Barbados, da África do Sul, da Jamaica, da Alemanha, da China e, claro, a ingleses de nascença e de vivência. O barato de viajar é essa oportunidade de contato com pessoas de mundos diferentes do nosso e ainda assim tão parecidas com a gente. Pessoas que nos dão razão pra querer voltar lá. São esses contatos que acabam virando amigos e que agregam mais sentido e importância aos lugares. Pessoas que nos fazem sentir essa dor no peito que a gente chama saudade. 
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O Moinho de Winchester


Um moinho milenar ainda em funcionamento. Visitantes levam como souvenir farinha de trigo moída na hora. O maquinário histórico está localizado bem na área urbana de Winchester. Já foi de tudo e de todos. Foi símbolo de prosperidade, foi alvo de declínio econômico, foi alugado, emprestado, virou até presente de casamento. Considerado literalmente de todos quando virou patrimônio da cidade. Resiste ao tempo e à modernidade. Forte como o rio que o movimenta. 


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O Homem que Salvou a Catedral de Winchester


O nome dele é William Walker. No início do século XX a igreja estava cheia de rachaduras que ameaçavam todo o complexo arquitetônico. O motivo: muita água correndo no subsolo, o que colocava em risco as fundações do prédio. Um engenheiro brilhante teve a idéia de reforçar com concreto as bases da catedral, mas com tanta água, só mesmo um mergulhador profissional pra ajudar no serviço. É aí que William entra em ação. Ele trabalhou 6 horas ao dia durante seis anos (1906-1912) pra colocar 25 mil sacos de concreto debaixo da igreja. Deu certo. O prédio não caiu e o mergulhador virou herói com direito a estátua de honra e título de nobreza.

Para mais informações, aqui .
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