A esposa

FOSSE
Seria
pior
não
mais nem menos
indiferentemente mas tanto quanto
Mallarmé

Ô Ana Júuuuliaaaaaaa...

A Pará agora tem uma nova música pra cantar. Tomara que não desafine, meu paraguai...

Conhece o Odair?

Do anonimato para a vice-governança...E agora todo mundo é amigo dele desde pequenininho.

Como se fosse a primeira vez...


Finalmente assistido. É que quando eu não esquecia que tinha que ir à locadora, eu esquecia o nome do filme e aí ferrava. Meu amigo Mauro me indicou este filminho porque disse que eu ia encontrar nele algum tipo de identificaçao... É que ela (Drew Barrymore) sofre de perda de memória recente. Pra quem nao assistiu é uma ótima pedida e pra quem assistiu e já esqueceu também.

Expedição Vaga-Lume





Na comunidade de Alter do Chão, uma idéia que vem ajudando a iluminar as mentes de crianças e de adolescentes. E eu quase me perco na sessão infantil de literatura...

O primeiro

O primeiro livro que li, sem figuras, foi "A pequena princesa". Presente de aniversário de 7 anos. Não gostei nada do fato de só ter letras. E eu só o li porque a pessoa que me deu disse que me daria outro, todo colorido, quando eu o terminasse. Nunca ganhei o outro. Mas nem precisava mais de estímulos, estava encantada pelo primeiro que li umas dezenas de vezes depois.

Propaganda eleitoral

Pois é. Apreenderam umas camisas porque eram vermelhas e tinham um 3 no meio... O número era 23, mas o 2 seria uma mensagem subliminar petista ( o 1 de 13, disfarçado de amarelo e duplicado?! rs)...'No período eleitoral floresce a criatividade no terreno das imaginações férteis. E eu pensando que só os petistas eram dados a essas neuroses...

Dúvida


Dois dias para as eleiçoes e eu aqui pensando se voto no erro certo ou no duvidoso...

Taí uma experiência interessante para agora

O dia...

...foi aquecido por um incêndio em frente à feira da Candilha. O deposito de um mercantil pegou fogo durante a madrugada. O japonês do comercio ao lado diz que pode ter sido obra dos assaltantes que levaram algumas mercadorias e fizeram a maior baderna no estabelecimento dele. "E comeram a melancia sem pagar!", diz o japonês com fúria nos olhos. Ainda não eram 7 e tinha um corpo sendo removido pelo IML. Lá perto do Viaduto. Eu passo do lado de uma pedra enorme sem ver o sangue. Quase tropeço na sandália do morto, deixada pra trás. Só depois é que me dou conta e quase morro...Quase morro de pena da velhinha, irmã adotiva do morto quando ela diz " A gente chora porque foi criado pertinho da gente, aprende a gostar sem fazer diferença", sem fazer diferença se é parente de sangue, se é delinquente, se já matou outros tantos. Era um ser humano e ela o amava, é o que importa.

No trânsito

Repórter fazendo economia na pergunta:
_ Falta sinalização?
Entrevistada com cera no ouvido:
_ Não. Tem de sobra, tá horrível. Ninguém mais aguenta tanta marginalização, minha filha.

Gosto

"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. "
Fernando Pessoa

É que eu também estou com saudades do meu Pedacinho


Ela não é fofa? Eu sei que sim. Sapeca toda. Virou estudante e vai para escola dormir, é o que a Carol me conta. Não consigo imaginar uma coisa dessas. Antes de dois anos completos já falava tudo. E assim que me via, gritava: " Ei, Wal, quero xegurar voxê". E eu é que segurava porque , na verdade o que ela queria dizer era "Wal, me segura?". Quando a família foi para Boa Vista deixou uma saudade de doer. A Pedacinho ainda fez o pai, a mãe e a irmã me ligarem umas vezes só pra dar boa noite. Linda. A Carol me diz que ela não lembra mais. Tá crescendo e esquecendo. Eu vou lembrar sempre.

Eu não sei porque vivem me mandando propagandas de dietas mirabolantes de emagrecimento. Quem anda correndo da balança sou eu, por estar devendo pra ela...

O pôr-do-sol no Arapiuns


(foto elegantemente furtada do blog do Jeso)

No quadro negro

Um professor que é ameaçado de morte. Uma professora que já foi cuspida por um deliquente. Um professor que quer desistir do magistério. Um adolescente de 15 anos que fugiu para Itaituba e foi preso com uma arma na mão. Uma menina de 13 que faz programa e diz que só transa com camisinha. Um moleque de 18 que bate numa de 14 na frente da escola porque diz que está sendo corno. Um grupo de adolescentes que fuma baseado dentro da escola, misturado aos alunos que vão pras aulas de educação física sem farda. Uma diretora que não sabe mais o que fazer com os telhados arrebentados por pedradas. Uma professora que levanta a mão pra pedir silêncio , um aluno que levanta a mão pra bater na professora. Um aluno de 6ª série que não quer mais estudar porque tem medo de ser pego na saída. Uma escola disputada por duas gangues. Um gangueiro que diz que não pode estudar porque não pode passar para o outro lado (do bairro ou da vida?). Uma história e tanto para uma única manhã. Pena ser realidade.

Assalto

Quebraram o nariz dele com uma coronha de revólver.
Foi ontem à noite. Por volta das 7. Foi abordado por dois sujeitos encapuzados, o baixinho com um revólver na mão, o outro, mais alto e magro, com uma faca que reluzia com a claridade da luz da rua... Era a primeira vez que era assaltado em mais de 70 anos de vida. Em nenhum momento disseram "mãos pra cima!". Não conseguia lembrar se era o bandido ou a policia que dizia isso nos filmes policiais que assistira. O sangue ferveu quando o nanico apontou o revólver pra ele. Num reflexo, as mãos se ergueram e seguraram os pulsos do bandido com força, pra cima. O outro soltou a faca, agarrou-o pelas costas. Um grito foi ouvido pelo vizinho. Outro grito, desta vez de dor. Seu Clodomir (acho que é esse o nome do vizinho), de toalha, ainda teve tempo de ver os bandidos correrem e pegarem uma moto... No chão estava o velhinho, todo ensanguentado. Pela manhã, nariz operado pelo melhor otorrino da cidade, sulcos roxos em volta dos olhos, voz anasalada, o médico peruano, nacionalizado brasileiro, sente uma satisfaçao visível quando conta e reconta a mesma história... Está cercado por repórteres e, com certeza, vai ser um dos assuntos do dia. Os olhos dele brilham quando faço cara de espanto e depois, calculadamente, de aprovação, por tanta bravura. "Eram dois - diz em tom solene- mais novos e mais fortes do que eu. Um deles me jogou no chão e houve luta corporal e... não sei de onde tanta força para superar tão grande perigo"... O sotaque dele me faz lembrar Dom Quixote e eu ainda me deixo ficar alguns instantes, olhando o repórter da vez coletar o mesmo depoimento, rico em detalhes...

Algum desocupado machista inventou isso...

E essa ocupada lê e ainda publica... rs.

> O Homem descobriu as CORES ...e inventou a PINTURA.
> A Mulher descobriu a PINTURA ...e inventou a MAQUIAGEM.
> O Homem descobriu a PALAVRA ...e inventou a CONVERSA
> A Mulher descobriu a CONVERSA ...e inventou a FOFOCA.
> O Homem descobriu o JOGO ...e inventou as CARTAS
> A Mulher descobriu as CARTAS ...e inventou o TAROT
> O Homem descobriu a AGRICULTURA ...e inventou a COMIDA
> A Mulher descobriu a COMIDA ...e inventou a DIETA
> O Homem descobriu os SENTIMENTOS ...e inventou o AMOR
> A Mulher descobriu o AMOR ...e inventou o CASAMENTO
> O Homem descobriu o COMÉRCIO ...e inventou o DINHEIRO
> A Mulher descobriu o DINHEIRO ...e aÍ ferrou...tudo!!!!!!

Eleições 2006

Descobertas feitas no banheiro

Desodorante argentino, pó, base, sombras e batons brasileiros, calcinha e soutiã paraguaios (suponho, comprei de uma muambeira), perfume francês (um genérico das grandes marcas, mas, fabricado em Paris, diz a embalagem que imita um charuto cubano, então é francês por direito de nascimento). O kit manicure é made in China, toalhas "Americanas" (é o que diz a etiquetinha), elástico de cabelo made in Taiwan, sandálias havaianas (as legítimas)...Globalizaçao.

Intrigante

Por que raios tem titânio no meu pó facial?!

Aula de química

O princípio ativo do meu antitranspirante é cloridrato de alumínio.

Voadores





Santos Dumont tornou realidade o que muita gente chamava de loucura. E ainda hj, os feitos do homenzinho de pouco mais de 1 metro e 50, inspiram uns, impressionam outros tantos. A mim, apaixona.










Conheci esta semana o caminhoneiro César. Em comum com o gênio ele tem a fixaçao pelos ares. Quando era pequeno, Cesar subiu um muro, pegou duas palmas de coqueiro e se jogou lá de cima. Ficou plantado no chão e quase morre. Mas nunca deixou morrer a vontade que o motivou a construir seu sonho. O avião, iniciado há 6 anos ainda não levantou voo, mas César não desiste. E a gente até ajudou ele a voar na telinha, pelo menos.


Recordo agora das palavras de outro gênio . "Tudo vale a pena se a alma não é pequena".

100 anos de 14 Bis


Emocionante. Uma viagem e tanto aquela. Uma imagem e tanto a que aqueles privilegiados de Paris tiveram. Eu gostaria de ter conhecido este homenzinho...

Boas lembranças de Itapuama














Esse carinha que aparece me amarrando aí é o Rode, um inglês gente boa, que, de tanta maratona, acabou virando professor.

Essa gaiata (gata) aí sou eu, literalmente na corda bamba.

Já tou sentindo falta dessas coisas...

No Hospital

_ Eu não quero, mãe, diz Cleidiane com ar de quem está decidida. _ NÃO QUERO, repete para não deixar dúvidas e com a voz mais firme.
_ Mas não vai doer_ Interrompe a enfermeira, com voz extraordinariamente gentil.
_ É, filha, não vai _ confirma a mãe.
_ Não vai. Repete Cleidiane, como se estivesse ponderando as coisas. Estende o braço para recolher em seguida. _ Mas eu não quero, diz outra vez com os olhos na mãe.
_ Pois vou chamar o guarda pra ficar bem aqui do seu lado.
Da porta da Emergencia, o guarda ouve a conversa e se aproxima.
_ Algum problema por aqui? Diz ele, tentando fazer cara séria para a menina e, depois: _ Vamos, é para o seu bem.
_ Nem vai doer filhinha_ a mãe, menos firme, mais mãe mesmo.
_ É melhor não olhar_ Mas Cleidiane faz que não ouve a orientaçao da enfermeira e olha, entre conformada e curiosa, para a agulha injetada em sua veia.
_ Nem doeu_ Diz, aliviada, e beija a mãe na testa.

Cleidiane tem 18 anos de idade, é portadora de síndrome de dow. Foi para a emergencia devido a uma indigestão. É a imagem mais bonita de que me recordo de toda aquela noite.

Verdades impublicáveis que eu publico assim mesmo

Eu decoro fórmulas de shampoo e de todas aquelas tranqueiras que costumo usar durante o banho.

Decisões, decisões...

Depois de uma noite inteira num hospital, vendo um monte de mulher sofrer pra ter um nenem, é definitivo. Filhos, só se forem adotados. O Gabriel, por exemplo, 7 meses na barriga da mãe, deu-nos uma noite inesquecível e vai receber por isto merecidas palmadas quando decidir nascer. Treina muito pra isso, querendo nascer antes do tempo. A mãe dele, coitada, andava de um lado para o outro, mãos nos quadris, arcada dentária superior cravada no lábio inferior, ora gemia, ora cantava, ora contava até 100, ora dizia "puxa vida, que dor" ( não dá pra publicar aqui o que ela dizia, né...)... E quando decidia ficar na ponta dos pés agarrava-se a primeira coisa que via... Não, não. Eu acho que não nasci pra isso, ainda mais sabendo que a minha mãe sofreu tres dias seguidos, e que eu tive que ser tirada com um ferro de dentro da barriga dela. Tanta criança por aí, já parida, já do lado de fora, nada mais de dor. Então, né, tá decidido.

Vitória

No hospital a menininha recebeu atendimento, o único carinho de toda a sua vida um nome. Ana Vitória. De certa forma, este nome combina com ela. Não sofre mais. A mãe é que é uma derrotada que tem muito a aprender da vida.

decisão

Às vezes eu tenho muita vontade de escrever e deixo a vontade passar, sem anotar uma vírgula neste espaço rosado. E hj, que eu não tenho vontade de nada, resolvi que vou escrever, sem inspiraçao, sem beleza, sem nem assunto.

cúmulo da maldade humana

Como alguém tem coragem de abandonar um bebe num lixeiro? Como alguém tem coragem de abandonar um bebê recém nascido para ser devorado vivo por urubus?

As recompensas

Alguém me faz lembrar a lei de Murphy... Se uma coisa tem que dar errado... ela certamente dará. Então, como eu não sou a única lascada nesta floresta, é melhor rir do que fechar a cara para o mundo. Um médico inglês muito simpático não acredita quando eu tento alertá-lo sobre aquele aparentemente inofensivo capinzinho suspenso. O nome´popular é tiririca. Coisinha fofa que gruda na pele, coça e até corta. Tou olhando agora para a marquinha que um deles provocou na minha mão. 5 dias depois e ainda dói. No médico, a marca foi maior e no rosto. Como recompensa só mesmo o momento voz e violão, depois de cada etapa.

Os desafios

Lembram do Karin? Pois é. Primeiro dia de prova e o francês conhece o veneno de um escorpião amazônico. Um austríaco quebra a testa num galho de árvore. Dois brasileiros se perdem na mata. E o seu Jocivaldo, morador de Itapuama, ainda me diz que "tá facinho, facinho, num tem errada na trilha". Pra nossa equipe (eu e o cinegrafista) as coisas também não estão tão boas... Primeiro a gente tem que trocar a lancha por uma canoa pra entrar num igarapé que mais parece uma corredeira. Nossos guias remam literalmente contra a correnteza e a câmera decide que não trabalha sob pressão! Ai, e eu ainda tenho que aguentar a equipe de reportagem alemã fazendo graça com a mega estrutura cinematográfica. O negócio é respirar fundo e esperar que alguma coisa sobrenatural aconteça ou que a câmera, naturalmente, decida funcionar.

(Post sobre a primeira Maratona de Selva realizada em 2006)

Inicia a competição

Karin, o ban ban ban de maratonas, me diz em entrevista, pouco antes da largada, que veio pra ver o amigo brasileiro ganhar. O amigo é Elton Bastos, santareno esforçado. Não fala uma vírgula em francês, Karin tb não fala português, mas amigos superam essas dificuldades de comunicação. Os atletas do Reino Unido posam para fotografias ( e como fazem isso bem). Herói, meu mais novo amigo brasileiro, repassa orientações aos colegas de equipe. E que cavalheiro é o Herói! Hino Nacional cantado a plenos pulmões e...Inicia a contagem regressiva... Lá vão eles em direção 'a mata. Mal sabem o que os aguarda.

Em Itapuama

Um paraíso de areia clarinha e águas azul-esverdeadas. A base da maratona de selva não mudou nadinha. Mudaram os maratonistas. Dos que participaram da última em 2004, poucos tiveram pique para voltar. Entre os remanescentes, o francês Karim Mosta, recordista mundial de maratonas de selva.
Carlos Dias, competidor brasileiro que torceu o pé na última prova, trouxe companhia. Um grupo simpatissíssimo de brasileiros que veio disposto a concluir a prova e a se manter unido.
Entre os estrangeiros, o grupo alemão me surpreendeu. Espontâneos, brincalhões, comunicativos. Nada a ver com o perfil que tenho em mente quando penso em um alemão. Trouxeram até um mascote de pelúcia grudado na mochila! O que foi motivo de gozação entre os brasileiros... essas pessoas. Penso que só perderam para os do Reino Unido. Golpe baixo também ficar fazendo poses exóticas (sem trocadilho) pra câmera, em trajes íntimos... e em plena forma. Ops! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Uma aventura e tanto esta Maratona.

Rumo a Itapuama

Não tinha rede, nem bolsa, nem camisa grátis dessa vez, mas aventura não faltou. O primeiro desafio foi encontrar o barco que nos levaria para Itapuama. Meia noite e eu perdida em Alter do Chão. Andamos, eu e o Amilton, com alguns quilos de bagagem nas costas, uns tantos minutos até chegar ao barquinho. 3 da madruga. Partimos rumo a Itapuama. Com a claridade da manhã, percebi que no meio de tantas redes em tons pasteis bem discretos, a minha, do bob esponja, era um escândalo. Não faltou oportunidade de treinar meu inglês explicando quem era o bichinho tão simpático multiplicado na minha hand-bed...