A bolsa


Minha bolsa foi esquecida não sei onde e de lá furtada não sei por quem. E eu me senti desolada.
Não pelo dinheiro, pelo cartão, pelo celular... Sim! Por isso também. Muito mais, no entanto, por toda a carga semântica e sentimental daquele pedacinho de nada.
Bolsas são partes nossas, pertencentes ao nosso universo. Se vc não é mulher não pode fazer idéia do que é uma bolsa de mulher. É, por assim dizer, uma extensão de nós. O depósito de alguns de nossos mais guardados segredos e onde sempre encontramos o que necessário e o supérfluo necessário a toda mulher. A bolsa nos dá a falsa segurança de que tudo está lá. E nunca está lá da primeira vez que procuramos. É preciso uma segunda busca, quem sabe uma terceira, mais minuciosa, onde tudo vai sendo colocado do lado de fora. E os homens nunca entendem como uma bolsa tão pequena e delicada pode levar aquela montanha de coisas que vai sendo tirada de lá.
E como são pesadas. Já tive uma maiorzinha onde era possível encontrar até uma enciclopédia barsa. Ai, minha bolsa tem ainda o agravante sentimental de ser presente, logo, com um valor inestimável. Eu sei, eu sei... os que me conhecem sabem também da minha memória curta e da falta de atenção habitual que me faz perder dinheiro, celular, documentos, bolsas, até a cabeça... É uma falha que virou traço de personalidade. E não pensem que me acostumei com isso. Eu bem sei do esforço mental que faço para não esquecer das coisas por aí. Forcei-me a comprar uma caneta azul, para lembrar a cor do carro da externa para o qual eu tive que me dirigir todos os dias do mês passado. Nem mentira eu posso contar, porque vou esquecer da versão falsa e me contradizer em questão de minutos. E isso é até bom. Um mau hábito a menos.
Quanto à minha bolsa, o alguém que a pegou, só queria mesmo o dinheiro, o celular, o cartão de crédito, que eu já cancelei. Fez-me o favor de deixar a bolsa, tadinha, sozinha ao relento, até que uma boa alma a encontrou. Estou olhando pra ela agora, com a sensação de ter estado nua na frente de estranhos.

Hoje

Hoje o dia estava assim...Perfeito pra meter o pé na estrada e fazer uma daquelas reportagens que eu a-do-ro. Vale até comer um pouquinho de poeira na Curuá-Una pra sentir cheiro de mato, comer goiaba tirada do pé, sujar o pé em titica de galinha e chupar laranja tirada na hora. Ver umas idéias simples darem certo e gente boa se dar bem com o suor do trabalho. Ver um tapete verde de hortaliças com jeito de saudáveis. E por fim, um fim de tarde assim, com o sol assim, caprichoso e bonito. Foi uma tarde agradável. Agradabilíssima.

As pérolas que a gente encontra por aí


Essa foi registrada pelo Nonato do Vale, cinegrafista da tv em Alenquer.

Delícia de profissão essa nossa.

Por antecipação

Uma semana para as férias e, de repente, não me vem inspiração para mais nada...
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Um pouco de poesia e de preguiça












Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Fernando Pessoa

Por que os cachorros mordem seus donos...

Recadinho...

E se eu não voltar nos próximos dias, gastem o tempo ocioso de vocês com os arquivos que deixei em destaque ao lado e nos blogs recém-linkados que são o bicho da goiaba! Beijinhos...

Para balanço

Este espaço esteve fechado para balanço nos últimos dias. Não dele, da autora, que anda de mal com a balança desde que soube que está na linha de perigo.
Depois que meninas esqueletéticas começaram a morrer porque não comiam, começou uma maratona de engorda de urgência, encabeçada por minhas duas mães.
E eu confesso que também fiquei um tantinho preocupada com a situaçao. Pra quem sonhou em chegar aos 50, estancou em 49 e despencou para 45 nos ultimos meses, realmente o quadro não é animador. Pane geral que me deixou de mal humor uns dias a fio e até me fez tomar mingau de aveia pela manhã como se tivesse comendo pudim de leite! Junte-se a isso o fato de uma gripe mal curada me tirar de vez o apetite há três dias. A garganta parou de funcionar e eu estou com uma bagagem extra de remédios na bolsa. Anti-inflamatório de 6 em 6 horas, anti-biótico de 8 em 8, anti-pirético e anti-dor sempre que a febre aparece e a garganta reclama.
Lá estou eu a dever para a balança outra vez. O jeito é voltar às vitaminas que me causam pesadas sonolências. O olho não me obedece e o raciocínio fica ainda mais lento. lembro- me que, da ultima vez que minha mãe número dois inventou de me dar este troço, foi no natal passado e eu perdi todas as festas porque fui pra cama mais cedo. Nem lembro se fui por conta própria ou se me carregaram pra lá. E aqui estou eu, com os olhos pesados de novo, sentindo o corpo dolorido devido aos acessos de tosse e pensando em como terminar este texto sem usar reticências. Acho que vai ficar por aqui mesmo, que as idéias já estão no quinto andar do sono.