De Curitiba a Santarém


Voe Gol, voe enlatado e sinta-se uma sardinha. Foi assim meu retorno a Santarém. É que as passagens promocionais aliadas 'as festas de fim de ano fizeram com que aqueles 737-800 ficassem com jeito de ônibus interurbano em via estadual. De Curitiba a Brasília viajei ao lado de dois engravatados que iam 'a capital brasileira a negócios. E como eu também sei ser política, fizemos um acordo de boa convivência durante aquelas horas intermináveis. Quando eu colocava os braços no descanso da poltrona os dois, gentilmente, retiravam os seus. Depois era a minha vez de ficar encolhida sobre a poltrona para que os cavalheiros tivessem o seu tempo reservado. Nenhum papel precisou ser assinado. Foi algo intuído no plano do conteúdo. Mas dois pestinhas posicionados nas poltronas da frente não tinham o mesmo espírito conciliatório. A Marta (até hoje eu lembro o nome - traumas são bons para a memória) devia ter uns 6 ou 7 anos de energia pura e acionada. O irmão mais velho uns dois anos era menos irrequieto. Mas ambos decidiram fazer dos assentos cama elástica e pulavam, pulavam até que o pai decidisse intervir. Primeiro era: - Filho, senta. E ele sentava. Depois: _ Filha... - e nada. Outra vez: _ Filhinha, comporte-se. Nem sinal de ter sido compreendido. Mais uma: Marta... Marta... MARTA, SENTA. E nada... a menina era um furacão em atividade. Uma hora ela virou pra mim e deu um sorriso maroto. Eu olhei pra ela com ar de reprovação. Ela me mostrou uma grande e vermelha língua. Eu tive que sorrir. Para ajudar a Marta tinha um bebezinho oriental que só calava quando o pai levantava e caminhava com ele pelo corredor, de uma ponta a outra... Foram as duas horas mais longas da minha vida. Daí veio o descanso e o turismo rápido em Brasília. Falo sobre isso depois. Então veio a parte dois da viagem. De Brasília a Belém são pouco mais de duas horas sem escalas e dessa vez eu fui no corredor. O personagem mais pitoresco foi uma senhora grande, bem grande, com uma quantidade imensa de sacolas maiores do que ela... Foi engraçado ver como se acomodava na poltrona e dava aqui e ali um risinho nervoso. A viagem foi tranquila, apesar do aperto. E daí eu fui promovida ao nível 3 de provação em vôos lotados. Depois de enfrentar quase 10 horas de espera no aeroporto de Belém, o encontro com meus novos algozes. Uma bebê linda e indisciplinada de 1 ano e 8 meses e a irmãzinha de 2 e meio com o dobro de disposição para a tortura. Não deixou de ser engraçado ver como a molequinha colocou no bolso 3 aeromoças e 1 comissário de bordo pra permitir que lhe atracassem um cinto. A menina conseguiu se colocar embaixo das poltronas! Atrasou o vôo em mais 15 minutos por conta disso. Eu já havia entregado os pontos. Mais uma hora ou duas estaria em casa, finalmente.
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