No Hospital

_ Eu não quero, mãe, diz Cleidiane com ar de quem está decidida. _ NÃO QUERO, repete para não deixar dúvidas e com a voz mais firme.
_ Mas não vai doer_ Interrompe a enfermeira, com voz extraordinariamente gentil.
_ É, filha, não vai _ confirma a mãe.
_ Não vai. Repete Cleidiane, como se estivesse ponderando as coisas. Estende o braço para recolher em seguida. _ Mas eu não quero, diz outra vez com os olhos na mãe.
_ Pois vou chamar o guarda pra ficar bem aqui do seu lado.
Da porta da Emergencia, o guarda ouve a conversa e se aproxima.
_ Algum problema por aqui? Diz ele, tentando fazer cara séria para a menina e, depois: _ Vamos, é para o seu bem.
_ Nem vai doer filhinha_ a mãe, menos firme, mais mãe mesmo.
_ É melhor não olhar_ Mas Cleidiane faz que não ouve a orientaçao da enfermeira e olha, entre conformada e curiosa, para a agulha injetada em sua veia.
_ Nem doeu_ Diz, aliviada, e beija a mãe na testa.

Cleidiane tem 18 anos de idade, é portadora de síndrome de dow. Foi para a emergencia devido a uma indigestão. É a imagem mais bonita de que me recordo de toda aquela noite.
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