Também eu queria ter uma transformação assim... lagartinhas feiosas transformadas em lindas e esvoaçantes borboletas. Em matéria de feiúra, a amadrias feroni ganha com sobra de pontos dos exemplares de lagartas que já vi. Mas tem seus encantos, pelo menos para a Aracely Liberal, que a pega nas mãos como quem carrega um bebê recém-nascido. O bichinho não come qualquer coisa. Só urtiga. Da mais brava que tiver no quintal. E quem vai pegar? A disposta Aracely, que já se acostumou às reações alérgicas causadas pela planta. Tudo pelo bem dos amados monstrinhos. E ela me pergunta com um sorriso comovente se não são os bichinhos mais fofos do planeta. Penso na máxima “quem o feio ama, bonito lhe parece”. Prefiro sorrir a responder. E eu imaginando que fosse encontrar alguém pra me dizer que “borboletas e lagartas são bio-indicadoras de degradação ambiental e polinizadoras potenciais que ajudam a reconstruir o que o homem destrói e essas coisas todas que ativistas e biólogos costumam me dizer por aí. Fico encantada é com a paixão de Aracely. Tão próxima dos pequenos insetos, tão íntima deles. Quando eu era criança pensava em ser bióloga. Se fosse, bem que eu queria ser assim tão dedicada. E por um momento a Amadrias feroni não me pareceu tão feia. Quase pego o bichinho nas mãos pra dar provas de coragem ao meu colega de trabalho. Quase. Preferi posar ao lado da espécie adulta. Uma linda borboleta que nem de longe lembra o que era...Sábia natureza.

PS: OUTRAS 8 ESTAGIÁRIAS DA UFPA DESENVOLVEM TRABALHOS DE PESQUISA NO BORBOLETÁRIO DE SANTARÉM. É O ÚNICO REGISTRADO EM TODA A REGIÃO NORTE. O TRABALHO DA ARACELY DEVE SER PUBLICADO EM BREVE.