De volta e em alto estilo


Eliane Cantanhêde

Colunista da Folha.

Tava de férias, minha colunista política favorita. E já retorna com interessantes definições sobre a crise, o PT, o país, o tio Lula. Dá só uma lida, se não parou pra ver a Folha ou o Diário esses dias...

Tento identificar o tal "complô das elites" para destruir a esquerda e o governo de um retirante nordestino que assumiu para mudar tudo e livrar o Brasil, quiçá do mundo, das grandes injustiças sociais.
A olho nu, no entanto, parece o oposto: se há um complô, é justamente para livrar o Lula de toda essa sujeira. havia corrupção nos correios? O presidente não sabia. O PT compra deputados em espécie para votar com o governo? O presidente não tinha nada com isso. As reuniões para discutir cifras e votos eram numa "salinha do Planalto"? O presidente não tinha a menor idéia.
Até o próprio Jefferson, em prosa, verso ou canto, concentra-se em José Dirceu e preserva Lula. A opinião pública está enojada, mas nem por isso acusa o presidente: "Eu desisto. Nas próximas eleições para deputado e senador vou votar branco ou nulo", diz um comerciante no interior do Rio Grande do Sul. E o Lula? " Bem, o Lula é diferente".
(...)
Recorrer à fantasia de um complô e desqualificar Roberto Jefferson como denunciante é coisa de quem não tem defesa. Ninguém melhor do que os Robertos Jeffersons para explicar aqueles 20mil, 30mil, que o Severino Cavalcanti, admitiu para a "Folha" na sua primeira entrevista depois de eleito.
Nos grandes escândalos, Sarney, Collor, FHC e todos os demais se saiam com essa:(...) os fatos eram resultado de um complô entre as elites e a imprensa. Também para eles, os denunciantes eram desqualificados e farsantes.
Será que nem nisso o PT consegue ser original?

Eliane Cantanhêde


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