Agora Sim, Os Rolos do Mar Morto



O interesse era mais acadêmico (tenho que escrever um texto sobre o assunto).  E aí desde de que começei a ler sobre eles não consigo parar. Tem me dado mais prazer que livro de ficção. Uma verdadeira aventura! A história dos Rolos do Mar Morto , garanto, é melhor que Indiana Jones!
Tudo começou quando um pastor beduino perdeu um de seus animais. E como na parábola bíblica, o bom pastor foi em busca da ovelha desviada e acabou achando um tesouro perdido. Foi entre 1946 e 1947 que esse conto teve início e a partir daí foi dada a largada para uma caça ao tesouro cheia de aventura, intrigas e muitas negociações internacionais. Estudiosos de todo o planeta queriam por os olhos e as mãos nos documentos que não paravam de ser desenterrados pelos beduínos. Cerca de 900 manuscritos foram encontrados em 11 cavernas na região de Qumran (localizada em atual território palestino) de 1947 a 1956.
No começo, ninguém acreditou no primeiro pastor beduíno (o da ovelha perdida, lembra?). Os sete primeiros rolos encontrados por ele ficaram rolando de um canto a outro da casa, indo parar de uma mão a outra. Dizem que até brinquedo de criança virou. Outros dizem que certas partes de um rolo viraram coisa pior e não puderam ser reconstituídas.  Até que  o monge Athanasius Ye-shue Samuel se interessou pelos artefatos e enviou amostras para o departamento de arqueologia mais famoso dos States que, justo no dia, não contava com seu mais famoso arqueologista William Albright (estudiosos também tiram férias). Alunos dedicados tiraram fotos dos documentos e mandaram por correio para o professor que quase foi à loucura com a descoberta.  Assim, só de ver por foto, Albright constatou que os fragmentos vindos de Qumran eram a maior descoberta do século 20! Sábias palavras que vem sendo repetidas desde então. Mal sabia ele, no entanto, que muitos outros pedaços de história antiga estavam por vir. Muitos deles mais pra migalha que pedaço. É que os achados eram vendidos de acordo com o número de fragmentos. Quanto mais fragmentada a obra, mais lucrativa. Daí já viu. Sabe-se lá quantos rolos foram repartidos sem dó por seus primeiros descobridores, o que multiplicou o trabalho dos arqueologistas. Foi daí que o católico frances De Vaux teve a brilhante idéia de começar a negociar com os beduínos por centímetro quadrado de cada fragmento trazido, evitando assim que outros rolos fossem desintegrados. Só que muito dano já havia sido causado. Os quase 900 rolos viraram um quebra-cabeças de de 25 a 50 mil peças (o número varia de acordo com o método de contagem dos arqueologistas). Não é de admirar que levou quase 50 anos pra desencaroçar esse angu. No topo disso, ainda tinham as intrigas entre pesquisadores, as escavações clandestinas, as espionagens, as guerras entre Israel e os árabes... As guerras entre Israel e os árabes são um capítulo à parte. E isso eu deixo pra contar em outra ocasião... 
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