No meu tempo de Brasil, cheguei à conclusão de que moleque não sente calor. A turma perto de casa passava o dia naquele sol de escaldar e de fritar empinando papagaio, jogando futebol nos campinhos de terreno baldio, correndo atrás de confusão. Um bando de curumins imunes ao sol. Desse lado dos States, penso, a molecada sofre da mesma insensibilidade climática só que invertida. O termômetro marca 10 abaixo de zero, a gente mal consegue atravessar os três metros que vão do estacionamento à porta de casa e a turminha tá lá, há duas horas no quintal escorregando em tampa de lixeira, fazendo bonecos, movimentando braços e pernas na neve pra fazer anjinho, fazendo guerra e correndo atrás de confusão...Tenho a impressão de que a síndrome se cura em algum ponto entre a adolescência tardia e a fase adulta, mas alguns poucos não se curam.
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