O Eixo Forte é uma região que me causa simpatia. Já encontrei ali personagens memoráveis como o seu Rutnan, dos cachos gigantes de bananas, a dona Maria que trata galinhas caipiras com banho de tucupi, o seu João do açaí ( e que açaí!) e a dona Maria fazedora de tarubá (quando eu digo Maria ou João é porque não lembro o nome). Tem uma gente boa e, em geral, trabalhadora ali. Pessoas que sofrem um dobrado com as péssimas condições das estradas. E não há muito o que falar sobre o assunto sem cair em lugar comum. E "lugar comum" também pode ser entendido como buraco ou crateras alagadas neste período. Quem reclama de ruas esburacadas na cidade precisa fazer um passeio por aquelas bandas... O mais novo personagem que encontrei foi o menino Joaquin Medeiros de Siqueira, 14 anos, morador da comunidade de São Francisco do Eixo Forte. Incrível eu lembrar o nome inteiro dele. Pois bem. Joaquin levava, em média, 1 hora e 15 minutos para ir de bicicleta de sua casa até a escola que fica em São Brás. No único ramal que liga São Francisco ao resto da civilização não passa carro, que se dirá do ônibus prometido pela prefeitura? Motos e bicicletas passam com certa dificuldade. A bicicleta montain bike novinha em folha do Joaquin foi comprada com o dinheiro da aposentadoria do avô para que o garoto diminuisse o esforço e o tempo de jornada que antes era de mais de 3 horas a pé. Na sexta-feira, quando o encontramos, ele tinha acabado de perder a bicicleta. Foi roubado e voltou pra casa neste dia de carona com um colega de aula, que só ia até a metade do caminho. Mas como o Joaquin é brasileiro e não desiste nunca, ainda tem esperanças de que os ramais sejam consertados e o ônibus prometido consiga passar. Enquanto isso, se vc tiver por aí uma bicicleta usada e encostada a um canto qualquer de casa, o que acha de fazer uma boa ação?

Obs: O Joaquin faz a 5ª B na escola municipal Boa Ventura Queiroz de São Brás.