Severino, nome de nordestino sofrido, jeito e cara de nordestino, mas que não honra a moral nordestina. Severino faminto; parece uma criança solta numa loja de doces. Quer encher os bolsos e não disfarça. Venceu as eleições para a camara dos deputados prometendo dobrar o salário dos parlamentares. Não conseguiu. Seria um escândalo na câmara depois de toda a novela que se seguiu para aumentar o salário mínimo, o salário do povo. Daria muito nas vistas. Mas Severino não desistiu e todos os dias surge com novas propostas e disparates. Ontem, Severino teve uma vitória. Conseguiu aumentar as taxas a serem gastas com as assessorias, que são os locais onde os políticos costumam empregar seus familiares. Isso, Severino, você conseguiu aumentar a renda familiar dos parlamentares! Severino hoje me aparece na tv dizendo que os deputados que não concordam com a proposta não devem receber. Concordo. Seria um exemplo e tanto de dignidade que julgo inexistente. Advinhem quantos vão fazer isso? Se alguém fizer, prometo que escrevo uma ode em homenagem e mordo a língua. Porque não concordar é uma coisa, mas entre o discurso e a realidade vai lá uma grande diferença, ainda mais neste terreno arenoso da política. O que mais me espanta e até me deixa surpresa é a autenticidade de Severino em não esconder o que é. Cínico de menos? A política brasileira é que é cínica demais. Puro cinismo camuflado em bandeiras de “para o povo e pelo povo”.